terça-feira, 2 de novembro de 2010
Mas não morreu
Ele gostava de mulheres que fumam. Também por isso, de manhã, rasgou os pulsos. Primeiro o direito, com a lâmina de barbear na mão esquerda. Depois o esquerdo, com a lâmina de barbear na mão direita. Doeu muito mas não morreu. Ainda de manhã, atou o cabo da televisão à estrutura do polibã, pendurou-se pelo pescoço e saltou da pilha de livros que o elevara. Doeu muito mas não morreu. Depois de almoço, saltou da ponte rumo ao rio. Doeu muito mas não morreu. Pela tarde, apontou a arma ao queixo e disparou. Presume-se que tenha calculado mal e, apesar de doer muito, não morreu. Ao final da tarde, bebeu hidróxido de potássio e jura que pensou ser assim. Lamentavelmente, doeu muito mas não morreu. À noite, desistiu. Doeu muito.
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