quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do Outono e outras coisas

Estávamos todos a discutir o amor e isto e aquilo. Que o amor é um espaço vazio, que metemos outra pessoa lá dentro só para preencher o vazio, que o amor justifica o sofrimento, que o amor não precisa de ninguém, nós é que precisamos dele, e isto e aquilo. Estávamos todos a discutir a vida e isto e aquilo. Que a vida é uma caixa, que a vida dura para sempre, que a vida é o que acontece entre dois cigarros e isto e aquilo. Estávamos todos a discutir a democracia e isto e aquilo. Que o teu voto não conta, que o presidente vai nú, que o Estado é de direito ou é só flanqueador e isto e aquilo. Estávamos todos a discutir a traição e isto e aquilo. Que é animal, natural, cordial, que adoramos mulheres com um belo par de beleza interior, que trair é iniciar uma relação melhor, que o sexo ocasional é sempre à primeira vista, que a mulher dos sonhos nunca nos acorda e isto e aquilo. Estávamos todos a discutir isto e aquilo enquanto, lá fora, as castanhas espreitavam dos ouriços que o Outono roubou das árvores.

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