quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um homem livre

Houve, em tempos, um homem que negou a adjectivação e todo o mundo lhe pareceu. Os filhos nunca mais lhe foram distraídos. Os livros nunca mais lhe foram longos. As mulheres nunca mais lhe foram bonitas. A velhice nunca mais lhe foi ameaçadora. Os dentes nunca mais lhe foram amarelos. O sexo nunca mais lhe foi bom. O sexo nunca mais lhe foi mau. O sexo nunca mais lhe foi curto. O descanso nunca mais lhe foi necessário. O carro nunca mais lhe foi rápido. A vida nunca mais lhe foi madrasta. Se o leitor me permite o resumo, houve em tempos um homem que nunca mais, para sempre.

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