sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Vertical

Um homem não escolhe a bebida que pede. Antes, a bebida escolhe o homem e este só cumpre os minutos que se seguem. Igual com as mulheres. Um homem não escolhe a mulher. A mulher escolhe o homem e este só cumpre os anos que se seguem. Poderia continuar. A bebida, a mulher, as flores, o carro, a carreira, o canal na televisão, a equipa de futebol, a camisa. O homem não escolhe porque o homem não nasceu com gosto. Dá-se ao que o convida. O homem, ao contrário da mulher, é grato. Por isso, aceita o convite e lança-se ao minutos e aos anos. Depois do minuto e depois dos anos, o homem, todo o homem, faz o que lhe está traçado e enfrenta a tragédia com a nobreza e a verticalidade que lhe é reconhecida: bebe. Todos precisam de beber para começarem a esquecer-se uns dos outros.

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