terça-feira, 13 de novembro de 2012

Veneza

Era delicada ou cruel. Umas vezes delicada, outras cruel. Como uma pinça nas sobrancelhas de um homem. As palavras que usava, essas, não lhe pertenciam. Já lá estavam, com as montanhas, no início dos tempos. As palavras que usava, essas, eram facas e setas e pedras e lixo agudo frio que lançava em trezentos e sessenta graus de direcções. Ferindo, mutilando, matando, conquistando, convencendo, derretendo corpos e vidas. No fim, delicada e cruel, vendia o rosto para poder comprar uma máscara.

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